No dia 2 de setembro 2018, o Museu Nacional foi consumido por um incêndio de grandes proporções, no que é considerado a maior tragédia museológica do Brasil. O acidente aconteceu justamente no ano em que a instituição comemorava 200 anos. Funcionários avaliam que quase todo o acervo em exposição foi consumido pelas chamas.
Localizado no Rio de Janeiro, o museu é a instituição científica mais antiga do país e uma das mais importantes do mundo. Foi fundado pelo rei Dom João VI em 1818, e seu primeiro acervo surgiu a partir de doações da Família Imperial e de colecionadores particulares.
O incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro, é um retrato sombrio do país que vivemos. Um país sem preocupação com a preservação da própria memória e patrimônio.
A manutenção do Museu Nacional, custava o valor de 520 mil reais e, ainda sim, não recebia toda a verba desde 2014. Eram mais de 20 milhões de itens catalogados no museu.
Não existe preço que meça o prejuízo histórico e cultural do incêndio. Muito menos alguma previsão de termos um acervo semelhante novamente. Uma perda de 200 anos em história, artes, ciências e antropologia do Brasil.
Tudo começou com o ar-condicionado
O laudo pericial produzido pela Polícia Federal conclui que o incêndio, que destruiu o Museu Nacional, se deu devido a um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado que estava localizado no auditório térreo do prédio.
O Museu Nacional apresentava deficiências na segurança contra incêndios. Em 2004, já havia ocorrido um alerta por parte do governo estadual do Rio de Janeiro de que o Museu Nacional corria risco de incêndio, associado à má qualidade das instalações elétricas do edifício. Foi de fato uma tragédia anunciada.
O que mudou após 1 ano do acidente?
Quase 1 ano após o incidente, pouca coisa avançou na parte física da reconstrução. A estrutura dos telhados passaram por obras de sustentação e equipes trabalham no resgate do acervo. O foco inicial é aplicar os recursos para elaborar os projetos de engenharia e restauro.
Outro ponto que chama atenção é quanto as doações, já que de cada R$ 10 doados para a reconstrução da instituição, R$ 4,27 vieram do governo alemão.
A Itália é outro país que colabora com a recuperação do acervo. A colaboração inclui desde o trabalho técnico até o empréstimo de cerca de 2 mil peças. Atualmente, o Museu já tem um teto provisório, feito com um material metálico. A nova cobertura irá garantir o trabalho de reforço nas paredes do prédio, e também na construção do teto definitivo.
Recebidos R$ 3,2 milhões em doações a instituição ainda tem assegurados R$ 80,8 milhões do governo brasileiro. O custo da reconstrução, no entanto, é estimado em R$ 300 milhões.
Verbas do governo brasileiro
Além das doações, há as verbas do próprio governo brasileiro, que somam R$ 80,8 milhões.
Desde setembro do ano passado, o Ministério da Educação liberou recursos em três etapas, totalizando R$ 16 milhões. Parte desse valor, R$ 908 mil, chegou nos primeiros meses após o incêndio, para custear a restauração da fachada e dos telhados. A estimava que as obras comecem até o final do ano.
Há ainda R$ 21 milhões de um contrato com o BNDES assinado antes do incêndio, que previa restauração do palácio e da biblioteca central. Com o incidente, um adendo foi feito para manter as obras na biblioteca, não afetada pelo fogo, e usar o restante para recuperação da estrutura impactada.
Museu segue ativo
O Museu Nacional não deixou de operar após o incêndio, nem mesmo na semana do desastre. As atividades mudaram temporariamente de prédio, ocupando os pertencentes à instituição que foram preservados, como os do Horto Botânico.
As aulas, pesquisas e orientações continuam na rotina dos cerca de 90 funcionários e técnicos da instituição, dos quais em torno de 10 dividem o tempo com as buscas pelo acervo perdido nos escombros e outros até em campo.
Os projetos da SAMN, associação civil sem fins lucrativos, criada em 1937 para apoiar as atividades do museu, cresceram de um ano para cá. Hoje, a associação gerencia cerca de 20 iniciativas com cinco funcionários e diretoria formada por voluntários que trabalham na UFRJ.
O que podemos tirar com tudo isso?
É triste pensar que se o Brasil realmente se preocupasse com segurança e manutenção todo esse estragado poderia ter sido evitado. Se fizermos uma breve reflexão fica claro, a manutenção do Museu Nacional custava 520 mil reais um valor insignificante em comparação ao estrago que temos hoje. É preciso lembrar que o que é visto hoje como caro, amanhã pode ser um valor incalculável.
Estamos vivendo um cenário de tragédias repetitivas e, por isso, vale parar, pensar e se atentar sempre: Prevenção e Manutenção em primeiro lugar.
Fontes: Folha de São Paulo e G1
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